terça-feira, julho 08, 2008

Ben Underwood

O deficiente visual que pode jogar até videogames

Olhando de longe, Ben Underwood é um garoto americano tradicional. Mora no subúrbio, joga videogame, vai ao colégio, anda de patins com habilidade. Mas é só chegar perto dele para ver, ou melhor, ouvir, o que o faz diferente, especial. Enquanto anda, ele faz um clique - um estalo com a boca. Não é um tique nervoso. É emitindo um barulhinho esquisito que ele enxerga. Ou melhor, é assim que ele percebe os obstáculos à sua frente.

Como os golfinhos e morcegos, o rapaz de 15 anos se movimenta por ecolocalização - um dos pouquíssimos seres humanos a desenvolver essa habilidade. Ele emite um som e, a partir da velocidade e volume do eco, é capaz de "enxergar" do que se trata - com seus cliques ele pula obstáculos, diz se é um carro ou uma caminhonete, atinge uma pessoa com uma bola jogando queimada. Foi a maneira que ele encontrou para viver uma vida razoavelmente normal depois de perder a visão, aos 3 anos. "Se eu andasse de bengala, os meninos da escola iriam quebrá-la", contou à revista americana People este ano.

Demolidor, o homem sem medo

Seu treinamento foi como em filmes: sua mãe e irmãos mais velhos nunca o trataram com piedade. Na escola, um professor o desafiava depois das aulas perguntando a localização de objetos para que ele melhorasse seus instintos. O próprio garoto testava seus limites. De vez em quando, tentava correr e esborrachava a cara na parede. Levantava, continuava com seus cliques. Aprendeu a "ler" os sons mais rapidamente. Sua audição lhe permite derrotar o irmão em jogos de luta no videogame (pelo som dos personagens ele consegue ver qual golpe está sendo dado) ou jogando pebolim - o som da bola correndo na madeira o ajuda a saber onde deve bater para fazer os gols.

Ben Underwood tem uma história parecida com a do super-herói Demolidor. Para compensar a cegueira, o diabo vermelho dos quadrinhos e do cinema desenvolveu todos os outros sentidos além do humanamente normal. O moleque americano não combate criminosos - a não ser no videogame. Para além da bela história de superação, que ilustraria livros de auto-ajuda, o exemplo de Ben mostra que seres humanos também são capazes de desenvolver alguns superpoderes que parecem só existir na ficção. Dan Kish, um psicólogo especializado em cegos e estudioso de ecomobilidade diz que Bem "expande os limites da percepção humana".



Fonte
http://super.abril.com.br/revista/241/materia_revista_241276.shtml?pagina=1

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