quinta-feira, janeiro 21, 2010

Os Exilados da Capela

Uma síntese da evolução espiritual no mundo

O livro de Edgard Armond, “Os Exilados da Capela”, foi editado pela primeira vez em 1951, e apresenta a imigrações de espíritos vindos de outros orbes; afundamento de continentes lendários e transferência de conhecimentos há milênios.

O que você irá ler à seguir, é um resumo feito por mim apenas do primeiro assunto: imigrações de espíritos vindos de outros planetas. Recomendo a leitura completa da obra, pois retirei diversas comunicações do espirito de João Evangelista (por ser muito longa e detalhada), mas as mesmas merecem serem lidas na íntegra, para melhor entendimento desse assunto. Boa leitura!

A Constelação do Cocheiro é formada por um grupo de estrelas de várias grandezas, entre as quais se inclui a Capela, de primeira grandeza, que, por isso mesmo, é a alfa da constelação. Capela é uma estrela inúmeras vezes maior que o nosso Sol e, se este fosse colocado em seu lugar, mal seria percebido por nós, à vista desarmada. Dista da Terra cerca de 45 anos-luz.

Capela é uma estrela gasosa e de matéria tão fluídica que sua densidade pode ser confundida com a do ar que respiramos. Sua cor é amarela, o que demonstra ser um Sol em plena juventude, e, como um Sol, deve ser habitada por uma humanidade bastante evoluída. (ver O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, perg.188)

Tudo tem sido revelado, gradativamente, em partes, pelo Mestre Divino ou pelos missionários que Ele tem enviado, de tempos a tempos, ao nosso orbe, para auxiliar o homem no seu esforço evolutivo, revelações essas que se dilataram enormemente e culminaram com os ensinamentos de Sua boca e a exemplificação de Sua vida, quando aqui desceu, pela última vez, neste mundo de misérias e maldades.

Cumpre-se, assim, linha por linha, a misericordiosa promessa do Cristo, de nos orientar e esclarecer, quando disse:
  • "Eu rogarei ao Pai e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre: o Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber porque não o vê nem o conhece, mas vós o conheceis porque habita convosco e estará em vós. (Jo, 14:16-17)

  • Não vos deixarei órfãos: voltarei para vós. - Ainda tenho muitas coisas para vos dizer, mas não as podeis suportar, agora. Porém, quando vier aquele Espírito de Verdade, ele vos ensinará todas as coisas e vos guiará em toda a verdade." (Jo, 14:18; 16:12-13)

Sim, não nos deixaria órfãos e, realmente, não nos tem deixado. Emmanuel - um desses Espíritos de Verdade - mostrou discretamente e com auxílio de outros benfeitores autorizados, novos campos da penetração espiritual, para que o homem deste fim de ciclo realize um esforço maior de ascensão e se prepare melhor para os novos embates do futuro no mundo renovado do Terceiro Milênio que tão rapidamente se aproxima.

Assim, sabemos agora que esta humanidade atual foi constituída, em seus primórdios, por duas categorias de homens: uma retardada, que veio evoluindo lentamente, através das formas rudimentares da vida terrena, pela seleção natural das espécies e outra categoria, composta de seres mais evoluídos e dominantes, que constituíram as levas exiladas da Capela.

Esses milhões de transferidos, em época impossível de ser agora determinada, eram detentores de conhecimentos mais amplos e de entendimentos mais dilatados, em relação aos habitantes da Terra, e foram o elemento novo que arrastou a humanidade animalizada daqueles tempos para novos campos de atividade construtiva, para a prática da vida social e, sobretudo, deu-lhe as primeiras noções de espiritualidade e do conhecimento de uma divindade criadora.

Para melhor metodização do estudo que vamos dividir a história da vida humana, na Terra, em três ciclos:

Primeiro ciclo:
Se reflete no sistema sideral de que fazemos parte e até onde se estende a autoridade espiritual de Jesus Cristo, o sublime arquiteto e divino diretor planetário. A evolução, no astral do planeta, dos espíritos que formaram a Primeira Raça-Mãe; depois com a encarnação dos homens primitivos na Segunda Raça-Mãe, suas sucessivas gerações e selecionamentos periódicos para aperfeiçoamentos etnográficos: na terceira e na quarta, com a migração de espíritos vindos da Capela; corrupção moral subseqüente e expurgo da Terra com os cataclismos que a tradição espiritual registra.

Segundo ciclo:
Inicia-se com as massas sobreviventes desses cataclismos; atravessa toda a fase consumida com a formação de novas e mais adiantadas sociedades humanas e termina com a vinda do Messias Redentor.

Terceiro ciclo:
Com o último ato do sacrifício do Divino Mestre, e vem até nossos dias, devendo encerrar-se com o advento do Terceiro Milênio, em pleno Aquário, quando a humanidade sofrerá novo expurgo – Apocalipse. Se iniciará, na Terra, um período de vida moral mais perfeito, para tornar realidade os ensinamentos contidos nos evangelhos cristãos.


No Tempo do Primeiros Homens

O princípio de todas as coisas e seres é o pensamento divino que, no ato da emissão e por virtude própria, se transforma em leis vivas, imutáveis, permanentes.

Entidades realmente divinas, como intérpretes, ou melhor, executoras dos pensamentos do Criador, utilizam-se do Verbo - que é o pensamento fora de Deus - e pelo Verbo plasmam o pensamento na matéria; a força do Verbo, dentro das leis, age sobre a matéria, condensando-a, criando formas, arcabouços, para as manifestações individuais da vida.

O pensamento divino só pode ser plasmado pela ação dinâmica do Verbo, e este só pode ser emitido por entidades espirituais individualizadas - o que o Absoluto não é - intermediários existentes fora do plano Absoluto, mas que possuam força e poder, para agir no campo da criação universal.

Assim, quando o pensamento divino é manifestado pelo Verbo, ele se plasma na matéria fundamental, pela força da mesma enunciação, dando nascimento à forma, à criação visível, aparencial. (Ver O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, perg. 27 e 27-a)

Ora, para a criação da Terra o Verbo foi e é o Cristo. Paulo, em sua epístola aos Efésios, 3:9, diz: "Deus, por Jesus Cristo, criou todas as coisas."

O Absoluto, pelo pensamento, cria a vida e as leis, e entidades espirituais do plano divino, pela força do Verbo, plasmam a criação na matéria, dão forma e estrutura a todas as coisas e seres e presidem sua evolução na Eternidade.

Ao seu redor, circundando a Terra formou-se uma camada fluídica, de teor mais elevado, destinada a servir-lhe de limitação e proteção, como também de matriz astral para a elaboração das formas vivas destinadas a evoluir nesse mundo em formação.

Nessa camada se continham os germes dos seres, conforme foram concebidos pelos Espíritos Criadores das Formas, representando tipos-padrões, fluidicamente plasmados para futuros desenvolvimentos.

Esses germes espalharam-se pela superfície do globo em formação, aguardando oportunidade de desenvolvimento; e quando, após inúmeras repetições desse processo de intercâmbio, a periferia do globo ofereceu, finalmente, condições favoráveis de consistência, umidade e temperatura, nela surgiu a matéria orgânica primordial - o protoplasma - que permitiu a eclosão da vida, com a proliferação dos germes já existentes, bem como espíritos humanos em condições primárias.

Segundo pesquisas e conclusões da ciência oficial, a Terra tem dois bilhões de anos de existência, tendo vivido um bilhão de anos em processo de ebulição e resfriamento, após o que e, somente então, surgiram os primeiros seres dotados de vida.

Nesses primórdios da evolução humana, e no ápice do reino animal, estavam os símios, muito parecidos com os homens, porém, ainda animais, sem aquilo que, justamente, distingue o homem do animal, a saber: a inteligência.

Deste ponto em diante, por mais que investigasse, a ciência não conseguiu localizar um tipo intermediário de transição, bem definido entre o animal e o homem.

Na realidade, a Ciência ignora a data e o local do aparecimento do verdadeiro tipo humano, como também ignora qual o primeiro ser que pode ser considerado como tal. O elo, portanto, entre o tipo animal mais evoluído e o homem primitivo, se perde entre o Pitecantropo, que era bestial, e o Homo Sapiens que veio 400 mil anos mais tarde.

Se a ciência, até hoje, não descobriu esses tipos intermediários é porque eles realmente não existiram na Terra: foram plasmados em outros planos de vida, onde os Prepostos do Senhor realizaram a sublime operação de acrescentar ao tipo animal mais perfeito e evoluído de sua classe os atributos humanos que, por si sós - conquanto aparente e inicialmente invisíveis - dariam ao animal condições de vida enormemente diferentes e possibilidades evolutivas impossíveis de existirem no reino animal, cujos tipos se restringem e se limitam em si mesmos.

Sobre assunto de tão delicado aspecto ouçamos o que diz o instrutor Emmanuel, em comunicação recebida, em 1937, pelo médium Francisco Cândido Xavier:
    O homem, para atingir o complexo de suas perfeições biológicas na Terra, teve o concurso de Espíritos exilados de um mundo melhor para o orbe terráqueo, Espíritos esses que se convencionou chamar de componentes da raça adâmica, que foram em tempos remotíssimos desterrados para as sombras e para as regiões selvagens da Terra, porquanto a evolução espiritual do mundo em que viviam não mais a tolerava, em virtude de suas reincidências no mal.

Assim, pois, quando essa operação transformadora se consumou fora da Terra, no astral planetário ou em algum mundo vizinho, estava de fato criada a raça humana, com todas as suas características e atributos iniciais, a Primeira Raça-Mãe, que a tradição espiritual oriental definiu da seguinte maneira: "espíritos ainda inconscientes, habitando corpos fluídicos, pouco consistentes".


As Encarnações na Segunda Raça

"espíritos habitando formas mais consistentes, já possuidores de mais lucidez e personalidade", porém ainda não fisicamente humanos.

Iniciou-se com estes espíritos um estágio de adaptação na crosta planetária. Esta segunda raça deve ser considerada como pré-adâmica. Estava-se nos albores do período quaternário.

Os
homens dessa Segunda Raça em quase nada se distinguiam dos seus antecessores símios; eram grotescos, animalizados, inteiramente peludos, enormes cabeças pendentes para a frente, braços longos que quase tocavam os joelhos; ferozes, de andar trôpego e vacilante e em cujo olhar, inexpressivo e esquivo, predominavam a desconfiança e o medo.

Os ímpetos do sexo nasceram de forma terrivelmente bárbara e os homens saíam furtivamente de seus antros escuros para se apoderarem pela força de companheiras inconscientes e indefesas, com as quais geravam filhos que se criavam por si mesmos, ao redor do núcleo familiar, como feras.

Com o correr do tempo, entretanto, essa proliferação desordenada e o agrupamento forçado de seres do mesmo sangue, obrigaram os homens a procurar habitações mais amplas e cômodas, que encontraram em grutas e cavernas naturais, nas bases das colinas ou nas anfratuosidades das montanhas. Famílias foram se unindo, formando tribos, se amalgamando, cruzando tipos, elegendo chefes e elaborando as primeiras regras de vida em comum, que visavam preferentemente às necessidades materiais da subsistência e da procriação.


A Terceira Raça-Mãe

"O sentimento começa a despertar-lhe". Estava-se no período em que a ciência oficial denomina - Era da Pedra Lascada.

Por efeito de causas pouco conhecidas, ocorreu um resfriamento súbito da atmosfera, formando-se geleiras, que cobriam toda a Terra. O homem, que mal ainda se adaptava ao ambiente planetário, teve então seus sofrimentos agravados com a necessidade vital de defender-se do frio intenso, cobrindo-se de peles de animais subjugados em lutas temerárias e desiguais, em que lançava mão de armas rudimentares.

Foi então que o seu instinto e as inspirações dos Assistentes Invisíveis o levaram à descoberta providencial do fogo, o novo e precioso elemento de vida e defesa, que abriu à humanidade torturada de então novos recursos de sobrevivência e de conforto.

Entretanto, tempos mais tarde, as alternativas da evolução física do globo determinaram acentuado aquecimento geral, que provocou súbito degelo e terríveis inundações, fenômeno esse que, na tradição pré-histórica, ficou conhecido como - o dilúvio universal, - atribuído a um desvio do eixo do globo que se obliquou e provocado pela aproximação de um astro, que determinou também alterações na sua órbita.

Acentuou-se, em conseqüência, o progresso da vida humana no orbe, surgindo as primeiras tribos de gerações mais aperfeiçoadas, que formaram a humanidade da Terceira Raça-Mãe, composta de homens de porte agigantado, cabeça mais bem conformada e mais ereta, braços mais curtos e pernas mais longas, que caminhavam com mais aprumo e segurança, em cujos olhos se vislumbravam mais acentuados lampejos de entendimento.

Eram nômades; mantinham-se em lutas constantes entre si e mais que nunca predominavam entre eles a força e a violência, a lei do mais forte prevalecendo para a solução de todos os casos, problemas ou divergências que entre eles surgissem.

Todavia, formavam já sociedades mais estáveis e numerosas, do ponto de vista tribal, sobre as quais dominavam, sob o caráter de chefes ou patriarcas, aqueles que fisicamente houvessem conseguido vencer todas as resistências e afastar toda a concorrência.

A humanidade, nessa ocasião, estava então num ponto em que uma ajuda exterior era necessária e urgente, não só para consolidar os poucos e laboriosos passos já palmilhados como, principalmente, para dar-lhe diretrizes mais seguras e mais amplas no sentido evolutivo.

Em nenhuma época da vida humana tem-lhe faltado o auxílio do Alto que, quase sempre, se realiza pela descida de Emissários autorizados. O problema da Terra, porém, naqueles tempos, exigia para sua solução, medidas mais amplas e mais completas que, aliás, não tardaram a ser tomadas pelas entidades espirituais responsáveis pelo progresso planetário, como veremos em seguida.


A Sentença Divina

Em meio o ciclo evolutivo da Terceira Raça, nas esferas espirituais, foi considerada a situação da Terra e resolvida a imigração para ela de populações de outros orbes mais adiantados, para que o homem planetário pudesse receber um poderoso estímulo e uma ajuda direta na sua árdua luta pela conquista da própria espiritualidade.

Esses ciclos são muito longos no tempo, pois incluem a evolução milenar de todas as respectivas sub-raças. A escolha, como já dissemos, recaiu nos habitantes da Capela.

    "Há muitos milênios, um dos orbes do Cocheiro, que guarda muitas afinidades com o globo terrestre, atingira a culminância de um dos seus extraordinários ciclos evolutivos...

    Alguns milhões de espíritos rebeldes lá existiam, no caminho da evolução geral, dificultando a consolidação das penosas conquistas daqueles povos cheios de piedade e de virtudes..."


    Emmanuel
    Livro "A Caminho da Luz" Cap. III

Aliás, essa permuta de populações entre orbes afins de um mesmo sistema sideral, e mesmo de sistemas diferentes, ocorre periodicamente, sucedendo sempre a expurgos de caráter seletivo, como também é fenômeno que se enquadra nas leis gerais da justiça e da sabedoria divinas, porque vem permitir reajustamentos oportunos, retomadas de equilíbrio, harmonia e continuidade de avanços evolutivos para as comunidades de espíritos habitantes dos diferentes mundos.

Por outro lado, é a misericórdia divina que se manifesta, possibilitando a reciprocidade do auxílio, a permuta de ajuda e de conforto, o exercício, enfim, da fraternidade para todos os seres da criação.

Os escolhidos, neste caso, foram os habitantes da Capela que, como já foi dito, deviam dali ser expurgados por terem se tornado incompatíveis com os altos padrões de vida moral já atingidos pela evoluída humanidade daquele orbe.

Reunidos no plano etéreo daquele orbe, foram postos na presença do Divino Mestre para receberem o estímulo da Esperança e a palavra da Promessa, que lhes serviriam de consolação e de amparo nas trevas dos sofrimentos físicos e morais, que lhes estavam reservados por séculos.

Grandioso e comovedor foi, então, o espetáculo daquelas turbas de condenados, que colhiam os frutos dolorosos de seus desvarios, segundo a lei imutável da eterna justiça.

Eis como Emmanuel, no seu estilo severo e eloqüente, descreve a cena:
    "Foi assim que Jesus recebeu, à luz do seu reino de amor e de justiça, aquela turba de seres sofredores e infelizes. Com a sua palavra sábia compassiva exortou aquelas almas desventuradas à edificação da consciência pelo cumprimento dos deveres de solidariedade e de amor, no esforço regenerador de si mesmas.

    Mostrou-lhes os campos de lutas que se desdobravam na Terra, envolvendo-as no halo bendito de sua misericórdia e de sua caridade sem limites. Abençoou-lhes as lágrimas santificadoras, fazendo-lhes sentir os sagrados triunfos do futuro e prometendo-lhes a sua colaboração cotidiana e a sua vinda no porvir.

    Aqueles seres desolados e aflitos, que deixavam atrás de si todo um mundo de afetos, não obstante os seus corações empedernidos na prática do mal, seriam degredados na face obscura do planeta terrestre; andariam desprezados na noite dos milênios da saudade e da amargura, reencarnar-se-iam no seio das raças ignorantes e primitivas, a lembrarem o paraíso perdido nos firmamentos distantes.

    Por muitos séculos não veriam a suave luz da Capela, mas trabalhariam na Terra acariciados por Jesus e confortados na sua imensa misericórdia."

E assim a decisão irrevogável se cumpriu e os exilados, fechados seus olhos para os esplendores da vida feliz no seu mundo, foram arrojados na queda tormentosa, para de novo somente abri-los nas sombras escuras, de sofrimento e de morte, do novo "hábitat" planetário.

E após a queda, conduzidos por entidades amorosas, auxiliares do Divino Pastor, foram os degredados reunidos no etéreo terrestre e agasalhados em uma colônia espiritual, acima da crosta, onde, durante algum tempo, permaneceriam em trabalhos de preparação e de adaptação para a futura vida a iniciar-se no novo ambiente planetário.


As Encarnações Punitivas

A esse tempo, os Prepostos do Senhor haviam conseguido selecionar, em várias partes do globo, e no seio dos vários povos que o habitavam, núcleos distintos e apurados de homens primitivos em cujos corpos, já biologicamente aperfeiçoados, devia iniciar-se a reencarnação dos capelinos.

Os capelinos, pois, que já estavam reunidos, como vimos, no etéreo terrestre, aguardando o momento propício, começaram, então, a encarnar nos grupos selecionados.

A descida dessa raça maior causou, como era natural, no que respeita à vida de seus habitantes primitivos, sensível modificação no ambiente terrestre que, ainda mal refeito das convulsões telúricas que assinalaram os primeiros tempos de sua formação geológica, continuava, entretanto, sujeito a profundas alterações e flutuações de ordem geral.

Como já dissemos, toda mudança de ciclo evolutivo acarreta profundas alterações, materiais e espirituais, nos orbes em que se dão; nos céus, na terra e nas águas há terríveis convulsões, deslocamentos, subversões de toda ordem com dolorosos sofrimentos para todos os seus habitantes.

Logo, após, os primeiros contatos que se deram com os seres primitivos e, reencarnados os capelinos nos tipos selecionados já referidos, verificou-se de pronto tamanha dessemelhança e contraste, material e intelectual, entre essas duas espécies de homens, que sentiram aqueles imediatamente a evidente e assombrosa superioridade dos ádvenas, que passaram logo a ser considerados super-homens, semideuses, Filhos de Deus, como diz a GÊNESE mosaica, e, como é natural, a dominar e dirigir os terrícolas.

Adotaram-se costumes mais brandos e esboçaram-se os primeiros rudimentos das leis; os povos, que então saíam da Era da Pedra Polida, estabeleceram os fundamentos da indústria com a utilização, se bem que incipiente, dos metais; foi-se assegurando aos poucos a base de uma consciência coletiva e os homens, pelas experiências já sofridas e pelo crescente despertar da Razão, ainda que embrionária, iniciaram uma tentativa de organização social, em novo e mais promissor período de civilização.

Enfim, naquela paisagem primitiva e selvagem, que era realmente um cadinho combusto de forças em ebulição, definiram-se os primeiros fundamentos da vida espiritual planetária.


Tradições Espirituais da Descida

Onde está Adão, com a sua queda do paraíso? Compreendemos, afinal, que Adão e Eva constituem uma lembrança dos espíritos degredados na paisagem obscura da Terra, como Caim e Abel são dois símbolos para a personalidade das criaturas "Maldita é a Terra por causa de ti - disse o Senhor; com dor comerás dela todos os dias de tua vida... No suor do teu rosto, comerás o seu pão até que te tornes à Terra."

Refere-se o texto aos capelinos, às sucessivas reencarnações que sofriam para resgate de suas culpas. Se é verdade que os Filhos da Terra, no esforço de sua própria evolução, teriam de passar dificuldades e padecimentos, próprios dos passos iniciais do aprendizado moral, dúvidas também não restam de que a Terra, de alguma forma, foi maleficiada com a descida dos degredados, que para aqui trouxeram novos e mais pesados compromissos a resgatar e nos quais seriam envolvidos também os habitantes primitivos.

Caim e Abel - os dois primeiros filhos - são unicamente símbolos das tendências do caráter dessas legiões de emigrados, formadas, em parte, por espíritos rebeldes, violentos e orgulhosos e, em parte, por outros - ainda que criminosos - porém já mais pacificados, conformados e submissos à vontade do Senhor.
    "... e saiu Caim da face do Senhor e habitou na terra de Nod, da banda do Oriente do Éden. E conheceu Caim a sua mulher e ela concebeu e gerou Henoch; e ele edificou uma cidade..."
É fácil de ver que se Caim e Abel realmente tivessem existido como filhos primeiros do primeiro casal humano, não teria Caim encontrado mulher para com ela se casar, porque a Terra seria, então, desabitada. É, pois, evidente que os capelinos, ao chegar, já encontraram o mundo habitado por outros homens.


Conclusão

Alguns milhões de espíritos rebeldes lá existiam, dificultando o progresso daqueles povos cheios de piedade e virtudes. As grandes comunidades espirituais, diretoras do cosmos, resolveram, então, trazer aqueles espíritos aqui para a terra longínqua.

Na Terra eles aprenderiam a realizar, na dor e nos trabalhos penosos do seu ambiente, as grandes conquistas do coração, impulsionando, simultaneamente, o progresso dos povos primitivos que habitavam este planeta.

Foi assim que Jesus, como governador da Terra, recebeu, à luz do Seu reino de amor e de justiça, aquela multidão de seres sofredores e infelizes. Jesus mostrou-lhes os campos imensos de luta que se desdobravam na terra, envolvendo-os no halo bendito da sua misericórdia e da sua caridade sem limites.

Abençoou-lhes as lágrimas salutares, fazendo-lhes sentir os sagrados triunfos do futuro e prometendo-lhes a Sua colaboração cotidiana e a Sua vinda no porvir. Esses espíritos, vindos de um mundo em que o progresso já estava bem acentuado, guardavam no coração a sensação do paraíso perdido.

Ao encarnar na Terra, se dividiram em quatro grandes grupamentos dando origem à raça branca, ou adâmica, que até então não existia no orbe terrestre. Formaram, desse modo, o grupo dos árias, a civilização do Egito, o povo de Israel e as castas da Índia. Tendo ouvido a palavra do Divino Mestre antes de chegar à Terra, guardavam a lembrança da promessa do Cristo.

Eis por que as grandezas do Evangelho foram previstas e cantadas alguns milênios antes da vinda do Sublime Galileu, no seio de todos os povos, pelos antigos profetas.

Em razão de seus elevados patrimônios morais, guardavam no íntimo uma lembrança mais viva das experiências de sua pátria distante. Uma saudade torturante de seu mundo distante, onde deixaram seus mais caros afetos, foi a base de todas as suas organizações religiosas.

Depois de perpetuarem nas pirâmides os seus avançados conhecimentos, todos os espíritos daquela região africana regressaram à pátria sideral. Isso explica por que muitas raças que trouxeram grande contribuição de conhecimentos à terra, desapareceram há muito tempo.

Informações preciosas sobre a história da humanidade terrestre foram trazidas pelo Espírito Emmanuel, através da mediunidade de Chico Xavier e constam do livro "A Caminho da Luz".